sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Coração de Pedra (I)

                               
Parte I - Desabafo pela metade:
              
             Sofia não podia mais conter aquilo dentro de si. Seu estômago parecia uma panela com óleo fervendo onde fora jogado um punhado de milho.
            Com Luiz ali parado a sua frente, em uma fração de segundos ela vislumbrou cenas de seu passado, como aquela na pré-escola em que caiu, ralou o joelho e ele ficou um bom tempo soprando a ferida e dizendo que ia passar. Lembrou-se também de todos os trabalhos e tarefas que fizeram juntos. E quando ela deu o primeiro beijo, logo que chegou em casa ligou pra ele contando sua nova experiência cheia de detalhes. Hoje ela pensa que poderia ter sido com ele... e como ela gostaria que tivesse sido! Lembrou-se até mesmo de quando (no ano passado) rompera seu namoro que havia durado mais de oito meses. Ela passara uma semana tão abatida que no fim de semana, com intuito de animá-la, Luiz deu a ela um enorme urso de pelúcia, com a pelúcia mais fofa que já tocara; Luigi foi o nome dado ao urso, já o nome do rapaz... Ela nem se lembra mais.
            “Tudo bem contigo?” Foi a frase que a tirou do transe. Foi então que se deu conta que enquanto revivera bons momentos de seu passado estivera ali inerte olhando pra Luiz. Os dois estavam a caminho da faculdade que, por mais esta coincidência do destino, era a mesma. Não faziam o mesmo curso, mas a faculdade e o ano de curso eram os mesmos.
            “Tenho que dizer alguma coisa” pensou consigo mesma. “Tu-tudo sim” balbuciou tentando soar o mais verdadeira possível, mas não estava tudo bem. Ela sentia que poderia explodir a qualquer momento.
Durante anos Sofia lutara contra aquele sentimento, afinal ele é (e sempre foi) seu melhor amigo; por isso se fechou, bancou a durona (pelo menos pra ele), não expunha seus sentimentos, falava das pessoas como se fossem coisas para evitar apego ou sofrimento... Luiz até lhe dera um “carinhoso” apelido: CORAÇÃO DE PEDRA.
“No que tanto você está pensando, Sofi?” (era assim que ele a chamava) e ele tinha intimidade suficiente para perguntar-lhe isso. Sofia encheu os pulmões de ar, engoliu em seco e sem pensar cuspiu as palavras: “Acho que estou apaixonada”
Ele arregalou os olhos surpreso e curioso ao mesmo tempo. Ela se deu conta do que havia feito, não havia nem se quer feito rodeio, simplesmente jogara em seu colo o fardo que há muito carregava sozinha.
Colocando as mãos nos bolsos de sua calça, curvando levemente a cabeça e levantando as sobrancelhas Luiz perguntou: “Sério? E quem é o cara?”
Sofia sentiu como se tivesse sido jogada um uma piscina com gelo; em questão de segundos sua temperatura corporal despencou. Sentia até mesmo que havia empalidecido. Nem escutava mais seu coração, imaginava se ele poderia ter parado de bater. Mas precisava reagir, Luiz continuava olhando para ela e aguardando resposta. Então ela inflou o peito, endireitou a postura, olhou-o diretamente dentro de seus olhos, plainou sua mão direita no ombro esquerdo dele e disse:
“Uma outra hora a gente conversa sobre isso. Agora vamos acelerar que já estamos atrasados.” E justificou consigo mesma... “guardei isso por tantos anos, por que não mais uns dias?”

4 comentários:

  1. Escreve logo a parte II pois quero saber o final da história!!!
    Ahh....ao ler isso me deu uma vontade de me apaixonar, gostaria tanto de ter um amigo capaz de fazer com q eu sinta algo além da amizade. Mas infelizmente não há.
    *Acho que preciso ampliar meus horizontes e fazer novas amizades...kkkkkkk

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  2. Oii gi adorei seu blog, estou te seguindo,nao sabia que gostava de escrever tambem
    tenho um outro blog
    da uma olhadina la
    http://venenodegrife.blogspot.com/
    Bjsss

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  3. Muito legal
    muito fofo
    parabéns
    sai do coração. com muito sentimento
    ^*^

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