quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Assassinato em Guinstock - Parte IV

A PRISÃO

Sem ter como impedi-los, George permitiu que levassem seu sobrinho ao sanatório Hendall Shewizars. Assinou os papéis e pediu ao mordomo que chamasse Robert. Ele desceu e ao ter sua prisão/internação decretada se assustou, mas não boquejou. Robert era inteligente, sabia que quanto mais esbravejasse, mais duvidariam de sua sanidade mental.
- Rob, não se preocupe, o sanatório é pertinho da cidade, nós o visitaremos todos os dias, não é Sarah? – disse George virando-se para sua esposa. Sarah com a mão a boca tentando conter o choro não disse uma palavra se quer... nem ao menos uma expressão se fez. Ela temia acalentar a pessoa que provavelmente matara sua filha.
Ao chegar a Hendall Robert ganhou uma camisa nova; branca, de manga longa e amarrada ao peito. Não lutou para vesti-la. Foilevado por um corredor longo onde se via todo o tipo de pessoas. Seu “quarto” ficava ao final do corredor. Como fora declarado perigoso não dividia o quarto com ninguém. As paredes eram estofadas e cheiravam a mofo. Robert entrou, sentou na cama, sua mala foi colocada no chão ao pé da cama e a porta se fechou. Duas horas mais tarde abriu-se novamente, uma enfermeira veio tirar-lhe a camisa de força, mas foi bem incisiva: “Qualquer problema que causar e te deixaremos um dia inteiro com esta camisa!” e bateu a porta ao sair. Foi um longo dia e uma noite mais longa ainda.
Logo depois do café da manhã, Robert recebe sua primeira visita: Stuart seu primo.
- Alguma novidade sobre os crimes? Passei a noite pensando nos detalhes, tentando juntar alguma peça que a polícia possa ter deixado passar...
- Relaxa primo, não tenho nenhuma novidade não... Mas a polícia está dando duro neste caso, não fique pensando nisso... tente pensar em coisas leves, alegres.. se não você vai surtar aqui dentro. Deixe este trabalho pra polícia.
- Mas e se eles não descobrirem o verdadeiro culpado? Vou passar o resto de minha vida aqui! Aí sim eu ficarei louco!
- E vai perder a credibilidade também.
- Ãh?? – pergunta Robert sem entender o teor do comentário de Stuart
- É que... bom primo, é que as pessoas não botam fé em dementes, né? Aí vão acabar achando que você nem era tão inteligente assim, mas simplesmente louco. Mas não se preocupe... vai dar tudo certo – Stuart abraça seu primo e vai embora.
Na mansão, Stuart conta aos pais que Robert está bem, George fica aliviado com a notícia, enquanto Sarah não sabe o que sentir, pois ainda não sabia ao certo em quem acreditar. Ela amava o sobrinho, mas imaginá-lo assassinando Paty a fazia ter calafrios.
Na mesa de jantar Stuart interrompe o silêncio com uma pergunta:
- Mãe, você acha que foi realmente Robert quem matou Paty e Billy? Tudo bem que ele é inteligente, mas ele é tão fracote e covarde... Acha que ele seria capaz?
- Não sei o que pensar filho, mas sei que Robert é muito mais inteligente do que imaginamos e por isso também pode ser mais forte do que pensamos...
- Parem de falar bobagem... Robert é um garoto amoroso, só está meio frio por causa da perda dos pais e de tudo isso agora... mas não creio que ele seria capaz de tamanha brutalidade – interrompe George.
Todos já haviam se deitado, o silêncio pairava sobre o casarão. Enquanto isso no sanatório Hendall Robert não conseguia nem se quer fechar os olhos, sua mente estava mais agitada que a Wall Street em dia de grandes negociações. Passou cada momento dos últimos dez dias em sua cabeça, viu, reviu e analisou cada detalhe dos crimes em sua mente e, então teve uma idéia. Retirou a argola que prendia o chaveiro em sua mala, esticou-a e depois de diversas tentativas conseguiu abrir a porta do quarto. Com os sapatos nas mãos e apenas meias nos pés saiu de fininho para não fazer barulho no corredor escuro. Assim que virou o corredor viu a porta dos fundos entreaberta, ao apontar a cabeça pela porta viu uma enfermeira fumando, virada de costas para a porta. Saiu praticamente como um fantasma e assim que alcançou uma posição fora do alcance da visão da enfermeira vestiu os calçados e correu o máximo que agüentou.
            Quase meia hora depois ele chega à mansão Wynston que se encontrava toda apagada, com exceção de um quarto. Robert entra pela porta dos fundos e ao passar pela cozinha não resiste, de uma forma extremamente silenciosa pega a faca mais afiada do faqueiro suíço de Sarah e sobe as escadarias. Será que Robert faria uma terceira vítima? E desta vez ele teria o álibi perfeito, pois para todos os fins ele se encontrava internado no Hospital Psiquiátrico Hendall Shewizars.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Assassinato em Guinstock - Parte III

A SEGUNDA VÍTIMA



Mais uma vez o sono da família Wynston é interrompido logo ao despontar do dia, só que desta vez o barulho vinha da entrada da casa. Alguém batia desesperadamente à porta. George se levanta e vai atender, ao abrir vê o Xerife com cara de sério e um leve desespero ao bater na porta:
- Sr. Prefeito, me perdoe incomodar sua família tão cedo, mas...
- Por favor Xerife, te perdôo, mas não faça rodeios, vá direto ao ponto!
- Então... Sabe o Billy? Aquele rapaz que deu escândalo ontem no enterro de sua filha...
- Sei sim, Sr. Xerife.... Billy Petterson, o melhor amigo de Paty. O que tem o rapaz?
- Está morto. Foi encontrado pendurado por uma corda no pescoço, dentro de seu próprio quarto.
- Oh, meu Deus! Mas porque ele teria se matado. Um jovem atleta, sem problemas com drogas ou coisa parecida...
- Este é o problema, senhor,  ele não se matou. Foi encontrado sinais de violência por todo o seu corpo. Inclusive, sua língua foi arrancada e pregada à porta de seu quarto. O que significa que foi mais um assassinato.
Stuart que havia acordado com o barulho e já estava ao lado do pai quando foi dada a notícia por completo, não se conteve:
- Mas pai, quem em Guinstock seria capaz de um ato tão brutal assim?! Isso nem parece humano!
-É, filho quem fez isso é um psicopata astuto!
Stuart meneou a cabeça, o xerife se despediu e foi tomar as medidas necessárias para a investigação, Sarah já estava ao pé da escada, mas Robert nem seu quer acordara.
O café da manhã foi recheado de comentários tristes de inconformismo, mas Robert não parecia muito perturbado... ele alegava que depois de ter visto a morte dos pais e a da própria prima, todas de forma brutal não se chocava com mais nada.
Um dia bem cinza se passou. Fim de tarde, George acabara de sair do banho; batem a sua porta. Sara desce a escadaria a atende, era o xerife novamente, mas desta vez acompanhado de mais dois guardas.
- Sra. Wynston,  o Sr. Wynston está? – perguntou o xerife com um misto de nervosismo e apreensão.
- Sim, aguarde só um momento que ele já está descendo... Sentem-se.
George desce as escadas penteando seus curtos cabelos grisalhos.
- Algum problema, xerife?
- Na verdade sim, Sr, Wynston. Para mim, o senhor e toda sua família sempre foram um exemplo de honestidade, por isso sinto muito pelo que tenho que fazer agora...
- Sem rodeios, xerife, sem rodeios. Diga logo.
- Eu e meus homens estamos aqui para cumprir um mandato de prisão ao Sr. Robert James Wynston como principal suspeito do assassinato de sua filha e de Billy Petterson.
- O que?? Vocês estão dizendo que meu próprio sobrinho matou minha filha? E o Billy?
- Bom, pelo menos é o que nos indicam as evidências, veja bem Sr. Wynston, estamos aqui apenas cumprindo nossa função, chamei o senhor antes de efetuar a prisão em respeito aos anos de amizades que temos. E exatamente pela consideração que tenho pelo senhor e por sua família é que cobrei alguns favores na polícia e consegui que não enviassem seu sobrinho para a penitenciária da capital. Como ficou clara a natureza demente do assassino consegui fazer com que Robert fosse internado no sanatório Hendall, aquele na estrada perto daqui.
- Vocês é que estão loucos! Eu não posso permitir que isso aconteça... esse garoto já sofreu demais!! – gritou George já fora de si.
- Sinto muito, Sr. Wyston, mas levaremos Robert conosco, quer queira ou não! – disse um dos guardas encerrando a discussão.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

ASSASSINATO EM GUINSTOCK - Parte II -

O GRITO


A casa toda foi acordada tamanha foi a intensidade e o volume do grito. De pijamas, despenteados e desnorteados todos correram para descobrir o que havia acontecido. Na porta do quarto de Patrícia estava Sarah totalmente “apagada”. George rapidamente tentou socorrê-la, acabou nem olhando para dentro do quarto, mas logo percebeu que algo não estava certo quando viu que ambos os rapazes (Robert e Stuart) estavam paralisados e boquiabertos olhando imóveis para dentro do quarto. Ao olhar George ficou chocado com a cena: Patrícia jazia em sua cama, brutalmente esquartejada... havia sangue pelas paredes de todo o quarto!
            A polícia investigou da melhor maneira possível, mas não encontraram pista alguma, o assassino era astuto.
            A comunidade de Guinstock ficou chocada com o crime. Foi declarado luto oficial na cidade. No enterro, uma surpresa nada agradável. O pastor acabara de fazer a cerimônia fúnebre, os parentes e amigos se despediam de Patrícia enquanto seu caixão era vagarosamente baixado ao sepulcro. De trás de todas as pessoas que conheciam Patrícia (e que não eram poucas) surge um rapaz gritando. Ele parecia ter mais ou menos a mesma idade de Patrícia, alto, corpo atlético e olhos marejados de lágrima... parecia transtornado.
- Foi ele! Eu sei que foi ele! Ele não gostava da Paty porque ela o chamava de babão! Foi ele quem a matou! – gritava o rapaz desesperado apontando para Robert – Eu falei com ela ao celular ontem a noite, eu sei que houve uma discussão no jantar e por isso ele a matou!
            Autoridades e parentes tentavam acalmar o rapaz, mas o escândalo já estava armado, todos cochichavam e apontavam pra Robert. Robert tentou segurar as emoções se fazendo de durão e Stuart, seu único amigo e primo, tentava acalmá-lo. Depois de um imenso burburinho todos voltaram para suas casas. A pequenina cidade parou. Parou por um dia inteirinho!
            Ao anoitecer, as luzes da mansão Wynston parecia uma árvore de Natal a brilhar em uma sala escura. Na sala de jantar, todos comiam soluçando, o clima ainda era de velório.
- Robert... eu sei que você não seria capaz, mas acho que todos precisam ouvir de sua boca... Foi você quem matou Patrícia? – Perguntou George com um nó na garganta.
Sarah desatou a chorar antes mesmo de ouvir a resposta, Stuart a consolava também derramando lágrimas sobre a mesa.
- Não, tio! Eu jamais faria uma coisa dessa... No fundo ela tinha razão... eu não passo de um bobo. Não matei Patrícia!
- Eu acredito em você, Robert... Mas agora acho que deveríamos todos ir dormir... Estamos todos muitos cansados... E ver esse lugar vazio na mesa está esmigalhando meu coração. Boa noite a todos - disse George já se levantando.
Foram todos dormir.
Perturbada por um pesadelo, Sarah desce até a cozinha e vê Robert entrando pela porta dos fundos, ao ver sua tia se assusta e gaguejando pergunta:
- O que está fazendo acordada uma hora dessas, tia?
- Vim beber um copo d’água... e você... o que fazia lá fora? – Sarah pergunta intrigada.
- Eu... eu fui tomar um ar... tive um pesadelo...
- Está bem, Robert, agora vá para seu quarto e tente dormir.
Sarah bebe sua água e também vai se deitar. Logo pega no sono, um sono tranqüilo... pelo menos até o amanhecer.

(Aguardem a continuação)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

ASSASSINATO EM GUINSTOCK



            Guinstock era uma pacata cidadezinha do interior dos Estados Unidos, de arquitetura arcaica com um leve toque medieval, localizada ao redor de uma verde colina, na qual estava uma de suas construções mais antigas: a mansão da família Wynston.
            Por décadas, aquela cidade foi apenas um vilarejo; humilde e sem criminalidade alguma, governada por um prefeito chamado George Wynston, reeleito inúmeras vezes. Ele governara Guinstock por anos a fio e tudo corria muito bem, até que um sobrinho seu, Robert James Wynston (que morava na capital), perdeu os pais em um trágico acidente e, sem ter para onde ir, foi morar na mansão Wynston.
            George tinha uma típica família norte-americana; sua esposa se chamava Sarah e seus dois filhos Stuart e Patrícia Wynston. A casa era sempre cheia de criados e empregados. Todos aceitaram com carinho a chegada de Robert na mansão Wynston, exceto Patrícia... uma jovem arrogante e preconceituosa de 16 anos que não gostava do primo por ele ser um pouco diferente. Robert era inteligente demais, por isso de vez em quando tinha um comportamento meio bobo e infantil, e Patrícia não gostava disso. Já Stuart (um pouco mais velho) admirava a inteligência de Robert, mesmo com seu comportamento típico de um nerd. Mas de certa forma as atitudes imaturas de Robert o ajudava a conquistar muitas pessoas, o que Stuart não conseguia com seu temperamento rebelde. E então se formou um elo entre os dois. Iam para a escola juntos, saíam juntos... e isso tudo fazia crescer a raiva de Patrícia em relação a Robert, seu “primo babão”, como ela o chamava.
            Em uma noite escura de inverno, após todos terem jantado. Patrícia começa uma discussão:
            - Pai, por que este bobo tem que morar com a gente? Eu tenho vergonha de trazer minhas amigas aqui e elas virem que tem um idiota na minha casa!
            - Patrícia! Seu primo não é nenhum idiota, muito pelo contrário, ele é muito inteligente, por isso é diferente! Agora peça desculpas ao Robert! - Interviu severamente George.
            - Mas pai...
            - Deixa pra lá, tio George, eu não me importo. Um dia ela aprenderá a me valorizar... eu sei que vai.
            - Vai sonhando, seu nerd idiota! - disse Patrícia com repulsa em seu olhar.
            - Patrícia, já pra cama. Não te ensinei a ser mal-criada desta forma! – Disse Sarah Wynston com dedo em riste apontando para a escadaria de acesso aos quartos.
            Patrícia nem se quer respondeu, simplesmente bufou, deixou a mesa socando cadeira e foi para o quarto pisando duro, como se os degraus da escadaria tivessem alguma culpa. Minutos depois se ouve o bater de sua porta com fúria.
            O jantar não era mais o mesmo... um clima constrangedor pairou pelo ar. "Perdoe a Paty, Robert... ela não quis realmente dizer isso... sabe como é adolescente, né?!" disse Sarah toda polida. Robert só balançou a cabeça em aprovação... ele não parecia ter guardado rancor por causa daquela crise de histeria de sua prima. Algum tempo mais tarde todos se recolheram.
            O quarto de Patrícia ficava ao lado de Robert, que era encostado ao de Stuart. Foi uma longa e silenciosa noite... Cortada bruscamente, no início da alvorada, por um grito estridente de pavor vindo do quarto de Patrícia.
 

Retomando as atividades...


Estive fora por algumas semanas. Muitos compromissos fora da da cidade.
E esta semana ainda tenho a correria de fechar as turmas na escola onde dou aulas e também por em dia todo o serviço que acumulou no outro emprego.
Portanto não tive tempo de compor coisas novas, mas vou postar aqui um conto que escrevi em Julho de 1997. Eu tinha 16 anos na época... é meio estranho, mas vale a pena ler.
Beijos a todos e prometo que voltarei a todo o vapor dentre algumas semanas!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010


WHEN YOU SMILED
YOU HAD MY UNDIVIDED ATTENTION
WHEN YOU LAUGHED
YOU HAD MY URGE TO LAUGH WITH YOU
WHEN YOU CRIED
YOU HAD MY URGE TO HOLD YOU
WHEN YOU SAID YOU LOVED ME
YOU HAD MY HEART FOREVER