quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

QUANDO VOCÊ VOLTAR...



Já era tarde da noite, mas ela não se importava... Lucy precisava de uma ducha fria. Ela já não sabia se sua cabeça estava quente daquele jeito por causa do calor que fazia ou por causa de tudo o que acabara de acontecer.
A discussão tinha sido longa, ela o acusava e ele a feria com palavras. Ambos tinham razão em seus argumentos, mas ao mesmo tempo ambos estavam errados em lidar daquela forma com suas diferenças.
Desta vez, porém, ao invés de esbravejar até sua voz não agüentar mais, Lucy simplesmente o ajudou a fazer as malas. Ele ficara surpreso com sua atitude, mas é que Lucy não agüentava mais, simplesmente não tinha mais forças para brigar.
Lucy reviu todo o ocorrido em sua mente enquanto lavava sua cabeça com água fria. Para sua própria surpresa não chorou. Saiu do banho, colocou seu pijama mais fresco e foi para o quarto. Deitou-se na cama agora tão espaçosa com a falta de Renato. E de súbito teve uma vontade imensa de ouvir uma musica suave para dormir... Por conta da saudade que já apertava seu peito escolheu a coletânea de Renato Russo que tinha em seu MP3. Apertou “shuffle” e deixou que o próprio aparelho escolhesse as músicas que ouviria.
Não acreditou em seus ouvidos... Parecia que seu MP3 estava conectado ao seu coração e ao ouvir a primeira música derramou o mar de lágrimas que havia segurado até então... E enquanto molhava seu travesseiro com lágrimas, como uma trilha sonora de uma cena triste de um filme de drama, ela ouvia:

“Vai, se você precisa ir
Não quero mais brigar esta noite
Nossas acusações infantis
E palavras mordazes que machucam tanto
Não vão levar a nada, como sempre
Vai, clareia um pouco a cabeça
Já que você não quer conversar.
Já brigamos tanto
         Mas não vale a pena
        Vou ficar aqui, com um bom livro ou com a TV
Sei que existe alguma coisa incomodando você
Meu amor, cuidado na estrada
E quando você voltar
Tranque o portão
Feche as janelas
Apague a luz
e saiba que te amo...”

Ao toque da última nota do piano na música derramou sua última lágrima e desligou o MP3... Não havia sido uma boa idéia ouvir música. Colocou o aparelho sobre o criado mudo virou-se para o lado vazio da cama e adormeceu acariciando o travasseiro dele.
Mais tarde ouviu o portão se abrir e um carro estacionando na garagem. Não conteve o sorriso e simplesmente sussurrou: “Tranque o portão, feche as janelas, apague a luz e saiba que te amo...”

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