PARTE II - O presente
Sua situação agora era ainda pior que a anterior, nem tinha mais os sapatos e o casaco surrado para vestir e sabia que roupa corresponde a mais de 70% de uma boa primeira impressão... O que vestiria no jantar?
Adormeceu pensando nisso e acordou com o barulho do jornal sendo arremessado em sua porta. Ao sair para recolhê-lo viu uma caixa no chão, pegou o embrulho, recolheu o jornal e entrou. Ao colocar tudo na mesa viu na primeira página do jornal um rosto familiar logo abaixo da manchete: “Diplomata Francês é assaltado e espancado”, parecia o homem que ajudara na noite passada. Não quis fazer mais nada antes de ler a reportagem na íntegra, que dizia que mesmo após ter sofrido tal violência o diplomata ainda assinara documentos de negociações que beneficiariam em muito o país. Era realmente o senhor que encontrara perto de sua casa, na foto do jornal ele ainda vestia o casaco de Carlos.
Ainda perplexo com a notícia olhou para o estranho embrulho e viu um envelope pregado na tampa. Abriu e leu:
“Mais de uma hora eu fiquei caído naquele beco e você, sem saber quem eu era me estendeu a mão. Não só me emprestou seu celular, como me deu o casaco que vestia. Tamanha integridade só pode existir em lugares em que ainda existam princípios e valores enraizados. Por favor, aceite meu presente de agradecimento. Espero que lhe seja útil. Muito obrigada”
A assinatura ele não entendeu muito bem, mas o bilhete era claro e objetivo. Havia recebido o embrulho do senhor (diplomata francês) que ajudara. Ainda receoso e sem acreditar no que via abriu a caixa a primeira coisa que viu foi um par de sapatos marrom, parecia de couro legítimo e tinha uma etiqueta de uma marca que Carlos nem ao menos sabia pronunciar. Provou, serviu como uma luva, ou melhor, como um sapato mesmo! Retirou uma camada de papel de seda branco de dentro da caixa e encontrou.... será? Não pode ser... : Um sobretudo de couro marrom escuro digno de filme de detetive. Jamais tocara um artigo tão bem desenhado e costurado como aquele casaco, provou e também lhe serviu perfeitamente.
Carlos já estava chorando quando retirou mais uma camada de papel de seda e encontrou outro envelope no fundo da caixa, na parte de fora um bilhete: “este é pelo crédito que gastei de seu celular”. Abriu o envelope e a quantia de dinheiro que tinha lá dentro lhe permitia não somente carregar seu celular novamente, mas também comprar um novo!
Carlos sentou-se e nem café conseguiu tomar aquela manhã. No decorrer dos dias seguintes contou o ocorrido para todos os amigos e conhecidos e sempre terminava a história com a frase “Deus existe, gente! E tem anjos na França!”... Do outro lado do oceano outra história era contada, mas desta vez era encerrada com “Deus de fato existe! E há anjos no Brasil!”
As vezes chamamos de anjos aqueles que são usados por Deus para ajudar ao próximo... Sim, eles ainda existem e estão em todo lugar... Libere o anjo que há dentro de você!
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