Em sua sala, sentado em um pufe preto David dedilhava seu violão tentando terminar uma composição na qual trabalhara o dia todo. Era seu dia de folga e ele queria muito terminar esta canção. Mas David andava muito pensativo e isto estava atrapalhando sua concentração.
David não era levado a sério por seus colegas que o achavam certinho demais. Ele não bebia, não fumava, não falava palavrão e era politicamente correto em tudo o que fazia. E apesar de ter um ótimo emprego e boa aparência também não era levado muito a sério pelas mulheres, afinal ele não era nada do tipo bad boy que a maioria das garotas procuram hoje em dia. Não curtia “ficar”, acreditava que intimidade física vinha depois de intimidade e comprometimento emocional... Até em casamento ele acreditava. Coisas que lhe garantiam apelidos como: careta, old school, nerd. Sem contar seu gosto por musica, filmes e livros diferente da maioria dos homens, por isso até de “maricas” já havia sido chamado.
“Será que um dia encontrarei meu grande amor?
Onde estará? Alguém me diga por favor””
David não conseguia sair do refrão da música que compunha em seu momento de solidão, mas ele não é o único solitário do mundo... Lá fora milhares encontram-se em busca de um verdadeiro amor. Como Greta, por exemplo, farmacêutica recém-formada, inteligente, relativamente bonita e uma romântica assumida. Em seu carro, ela tentava encontrar um endereço estranho... Estava rodando pela cidade há uns vinte minutos.
O garoto das entregas havia faltado e o chefe de Greta achou que ela deveria quebrar este galho. Mas ao que parecia nem ela e nem metade da cidade sabia onde ficava aquela casa.
“Quatro anos me matando com toda química, anatomia e tudo o mais para fazer entregas? Parece que não é só na vida amorosa que não tenho sorte!”
Já fazia alguns meses que Greta saíra de um curto, porém complicado relacionamento, que a deixara absurdamente desapontada com homens de um modo geral!
- Sei sim, moça, o endereço que você procura fica há duas quadras daqui naquela direção.
Finalmente alguém soubera indicar-lhe o caminho correto para sua última entrega do dia.
Bateu a porta, mas ninguém respondera; insistiu novamente e ouviu uma musica que parecia vir de dentro da casa, encostou o ouvido na porta para ouvir melhor e então a porta se abriu:
- Pois não?
- Bo-Boa tarde.
Greta ficou corada e absolutamente sem graça ao ver que aquele homem charmoso e cheiroso a tinha pegado no flagra ouvindo através da porta. Apresentou-se, mostrou a entrega em suas mãos e não sabia mais o que dizer.
- Gripe terrível esta que estou... Até tirei meu dia de folga. Entre, por favor, vou pegar o dinheiro.
Ela nem sabia por que, mas aceitou o convite. Na verdade ela ainda teria que explicar toda a posologia dos medicamentos e esta era a sua desculpa mental por ter aceitado entrar. Então Greta ouviu seu celular tocar, levou algum tempinho para conseguir achá-lo em sua bolsa, mas finalmente o atendeu. Era seu chefe perguntando se ela havia conseguido encontrar o endereço da última entrega; ela disse que estava tudo sobre controle e já o avisou que dali iria embora para casa.
E então o gripado mais cheiroso que ela já havia visto retornou a sala, ela explicou tudo certinho acerca dos remédios e quando já estava saindo avistou um violão atrás de um pufe; pensou em perguntar se ele tocava, mas achou que a pergunta poderia soar idiota ou invasiva demais e ela não queria deixar nenhuma das duas impressões.
Assim que pegou a rua de sua casa, Greta se arrependeu de não ter puxado um papo com o gripado cheiroso e charmoso... ele parecia legal. Mas acabou se convencendo que não faria mais isso; entregaria nas mãos de Deus, e se Ele quisesse dar a ela um companheiro, Ele que desse um jeito. Ao chegar em casa lembrou-se que havia esquecido de dar um recado ao chefe, procurou seu celular na bolsa, mas não encontrou... “Onde será que eu deixei?”
Enquanto isso, David pensava “garota simpática... e bonita... Amanhã ligo na farmácia avisando que seu celular está aqui... Ou levo pessoalmente a ela... Gosto de almoçar lá perto mesmo, de repente até a convido para almoçar comigo”.
Em sua casa Greta se deitava com uma canção na cabeça que nem ao menos sabia onde ouvira: “Será que um dia encontrarei meu grande amor?”
E David sentou-se novamente na sala, violão no colo, papel e caneta... Enquanto a maioria das pessoas dormiam David terminava de escrever a última frase da mais linda canção que já compusera então escreve o título: “Amor ao Acaso”
Já me apaixonei por ele....tira essa Greta da história...kkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirPois é... Esse é o típico cara estudioso, de óculos que não curte balada nem bebidas... E que está ficando cada vez mais raro de se encontrar... espcialmente se for procurado nos lugares errados.
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